24º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B
LEITURAS BÍBLICAS
PRIMEIRA LEITURA (Is 50,5-9ª)
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recusei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e as faces aos que me arrancavam a barba e não furtei o rosto aos bofetões e cusparadas. O Senhor veio em meu auxílio, por isso, não fiquei envergonhado. O Senhor Deus é quem me assiste. Quem iria me condenar?
Isaías apresenta-nos aqui um personagem misterioso, que tanto pode significar uma pessoa concreta como o povo de Israel. Os primeiros cristãos identificaram este "Servo" com Jesus, morto e ressuscitado, rejeitado e hostilizado pelos chefes religiosos e políticos do seu tempo. De fato, toda a história do sofrimento de Israel identifica-o com este "Servo" sofredor, o qual nos anuncia a vida de sofrimento de Jesus de Nazaré e das comunidades cristãs que lhe seguiram. O sofrimento é semente de vida e de maturidade humana e cristã.
SEGUNDA LEITURA (Tg 2,14-18). Irmãos: que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? Essa fé poderá salvá-lo? A fé sem obras está morta.
Caríssimos irmãos há seitas heterodoxas espalhadas por aí que não falam no Apóstolo São Tiago, nem sequer o têm na sua Bíblia! Desse jeito ninguém estranhe que esses pregadores "baratos" não falem da fé com obras, achando que basta crer no Senhor Jesus e já todo mundo está alvo. Se fosse isso verdade o próprio Cristo foi o mais imbecil de todos os pregadores da Religião de Deus! Mas não é assim. Jesus sabia, e pregou muitas vezes, que uma fé sem obras, nua, sem roupa não existe. Não é fé. E atenção: "Não é quem diz, Senhor, Senhor! que se salva, mas quem faz a vontade do Pai que está no Céu! Só se salva quem carregar a sua cruz – aqui cruz se entende tudo que custa, tudo que dói, tudo que pesa. A fé autêntica e verdadeira é aderir a Cristo,
imitá-lo bem de perto, é fazer bem ao corpo e ao espírito. As páginas do Evangelho estão cheias de caridade, de bondade, de misericórdia e de perdão. Você lê o Evangelho? Lê? Então creio que você não duvida da fé divina, que salva, que opera milagres, que dá pão ao faminto, saúde ao doente e vida aos mortos.
É sobre esta caridade e fé que seremos julgados (cf.Mt,25,40-46). Entretanto, quero esclarecer que o que dissemos sobre a prática da fé não significa que a fé não deva se exprimir em oração e contemplação. Não há fé sem obras, nem sem oração.
TERCEIRA LEITURA (Mc8,27-35).
O Evangelho nos fala de uma pergunta que Jesus fizera aos seus discípulos em Cesareia de Filipe: Quem dizem os homens que eu sou? Os Apóstolos deram diversas opiniões sobre o que o povo pensava a seu respeito. Depois, Jesus perguntou aos discípulos: E vós quem dizeis que eu sou? Pedro tomou a palavra e respondeu: Tu és o Messias! Jesus, então,
começou a dizer-lhes: que o Filho do Homem tinha de sofrer muito..., tinha de ser morto e ressuscitar três dias depois. Pedro não aceitou esta revelação e Jesus não permitiu que o advertisse e repreendeu-o severamente: Vai para longe de mim, Satanás! Jesus terminou este Evangelho esclarecendo: Se alguém me quiser seguir, renegue-se a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-me!
Caríssimos irmãos acho que depois do que Jesus disse neste Evangelho, não restam dúvidas quanto à natureza da fé. Jesus pregou o perdão, a misericórdia, o amor, mas pregou também o sofrimento. Reparem o que diz São Paulo: Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo... Longe de mim gloriar-me, senão na Cruz de Cristo. Prego a Cristo e Cristo crucificado, que é loucura para os judeus, escândalo para os gentios e para os que se perdem; mas para os que se salvam é poder de Deus (cf 1 Cor,1,17-25). Crente não é aquele que crê em Deus, apesar do sofrimento, mas antes aquele que segue Cristo no caminho da cruz. Meus irmãos e irmãs não tenham vergonha de proclamar a vossa fé, com a cruz de Cristo crucificado no vosso peito, ou na vossa mão. Cristo é o único sinal de salvação.
13 de setembro de 2009
Côn.Pe. Domingos G.das Eiras
(Pároco emérito de Itaboraí)
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