sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

8º Domingo do TC

VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO A

Leituras Bíblicas: 1ª Leitura: Is 49,14-15; 2º Leitura: 1 Cor 4,1-5; 3ª leitura: Mt 6,24-34.

O Povo de Israel estava no exílio havia muitos anos. Cansado de tanto sofrer longe de sua Pátria, solta no ar esta exclamação: “O Senhor abandonou-nos. O Senhor esqueceu-se de nós! Mas logo se ouve um grito de confiança no Deus de Sion: “Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu filho? “Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria”!

Caríssimos irmãos e irmãs muitas vezes correram o risco de medir o coração de Deus pelo nosso coração e é um engano! Quantas vezes pensamos que estamos a adorar a Deus e na verdade estamos adorar um ídolo fabricado pela nossa cabeça.

A leitura do Livro de Isaías coloca em questão as nossas imagens que temos de Deus, que nos impedem de aceitar as surpresas de Deus! A mãe não ama o seu filho porque ele é bom, mas porque é seu filho. Assim é o amor de Deus para conosco. Deus nos ama independentemente de sermos brancos ou negros, brasileiros ou chineses, homens ou mulheres, pobres ou ricos. Deus nos ama porque somos seus filhos.

Apesar das muitas e grandes provações a que fora submetido o Povo de Israel, Deus, porém, nunca o abandonou; e digo mais, todas essas provações só serviram para aproximar mais o povo dele! Assim acontece conosco. Quantas vezes estamos doentes ou passando por tremendas dificuldades, e pensamos que Deus está longe de nós, se esqueceu de nós e não é verdade. Nós é que estamos longe dele. Já o disse, mas vou repetir: A mulher não ama o seu filho porque ele é bom, mas porque é seu filho. Repito: Deus também nos ama porque somos seus filhos e Ele é nosso Pai.

O Evangelho deste VIII Domingo do Tempo Comum é uma das páginas mais sublimes de toda a Sagrada Escritura, mas ao mesmo tempo é de enorme perigosidade!

O primeiro perigo é o apego ao dinheiro. Este perigo é tão grande que pode transformar-se em Senhor de nossas vidas, tanto de pobres como de ricos. O Livro do Êxodo (20,3) adverte-nos: “Não haverá para ti outros deuses na minha presença”! E o Deuteronômio acrescenta: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças (Dt 6,5).

Caríssimos irmãos e irmãs, atenção: Pode acontecer que o homem substitua no seu coração o Deus vivo por pequenos deuses ou ídolos, tais como o sexo, o esporte, o partido político, etc... São em si realidades boas, mas que se podem transformar em ídolos, quando absorvem toda a vida do indivíduo. O pior deles, diz o Evangelho, é o dinheiro. Sim, é o dinheiro! Com este ídolo podemos ganhar tudo ou perder tudo! Por isso, meus caríssimos irmãos, Deus e dinheiro não podem andar juntos... têm direções opostas. Deus exige-nos amar, ajudar, alimentar os famintos, vestir os nus, etc. O dinheiro exige o contrário, leva à idolatria da própria pessoa.

O Evangelho alerta-nos ainda de outro perigo, mas cuidado, podemos interpretar mal o texto. O segundo perigo não nos convida nem à preguiça nem ao desinteresse..., mas adverte-nos que resolver os problemas da vida não nos deve levar a perder a alegria de viver. Recordemos o que diz o Evangelho: “Olhai as aves do céu!... olhai os lírios do campo! Quem cuida deles? Ora se Deus cuida das aves e das flores, que hoje existem mas amanhã não, deixará Ele de cuidar de nós – de mim e de você – que somos seus filhos?

Termino: Meu irmão e minha irmã: Grava profundamente no teu coração: “Busca em primeiríssimo lugar o REINO DE DEUS E A SUA JUSTIÇA. O RESTO DEIXA POR CONTA DE DEUS.

27 de fevereiro de 2011-02-21

Côn.Pe.Domingos G.das Eiras

(Pároco emérito de Itaboraí)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

7º Domingo do TC

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO A

Leituras Bíblicas: 1ª Leitura: Lv 19,1-2.17-18; 2ª Leitura: 1 Cor 3,16-23. 3ª Leitura: Mt 5,38-48.

O tempo que hoje vivemos não é nada propício à doutrina da 1ª Leitura e do Evangelho desta Santa Missa. Vou repetir alguns tópicos: O Senhor dirigiu-se a Moisés e disse-lhe: “Fala a toda a assembléia dos filhos de Israel e diz-lhes: Sede Santos, porque É o Senhor, vosso Deus, sou Santo! Não odieis nenhum irmão vosso no íntimo do vosso coração..., mas amai-o como a vós mesmo!” E Jesus acrescenta: “Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa mereceis? Não fazem assim também os publicanos?! Sede, pois, perfeitos, como o Vosso Pai celeste é perfeito!” Da primeira leitura e do Evangelho advêm-nos um grande apelo à santidade e à perfeição, tendo como ponto central a caridade, a misericórdia e o perdão. Eis as virtudes mestras indispensáveis de todo o cristão e de todo o homem de Deus. Não duvidemos irmãos, este convite - exigência de Cristo compendia as Bem-aventuranças. Em Cristo, Deus deu o melhor de si mesmo e exige o melhor de cada um de nós. O cristão – eu e você - devemos ser radicalmente diferentes dos pagãos. Às vezes, nós, cristãos, não entendemos totalmente o significado de ser cristão. Ser cristão é ser alguém diferente, não apenas no comportamento, mas na própria vida... é imitar a Vida do próprio Cristo. A melhor definição que existe do bom cristão é ser santo. E ser santo significa separado, diferente dos pagãos, não propriamente em práticas religiosas, mas na prática da caridade. O apelo que Jesus nos fez à santidade e perfeição, não é só para agora, para hoje ou para amanhã, mas por todo o tempo e lugar. E em que consiste a santidade e perfeição cristãs, pergunto eu? Não sabeis? É tentar seguir e imitar Jesus Cristo. Não duvidemos: ser santo é a única maneira de ser realmente cristão. Quem não é santo e não tende à perfeição, não é propriamente cristão, mas tem apenas um verniz cristão!

Felizmente há hoje uma grande sensibilidade ecumênica e uma maior tolerância e compreensão, mas estamos ainda muito longe do ideal e de podermos rezar juntos com profunda veracidade: “Perdoai-nos, como nós perdoamos”! É difícil perdoar a quem nos ofendeu gravemente..., a quem caluniou..., a quem mesmo matou alguém nosso ente querido! Mas a vingança, o ódio e o ressentimento não são solução! Maior grandeza de alma há em perdoar. O perdão é a melhor vingança. Não esqueçamos, meu irmão e minha irmã, as pedras que trazemos dentro de nós mesmo, para atirar aos outros, atiremo-las a nós mesmos. Sim, tanta doença psíquica por falta de perdão. Humanamente falando, perdoar aos inimigos ultrapassa as nossas forças, mas olhando o modelo de Cristo e sua atitude para com os inimigos que o mataram, é possível, dá paz, e coloca-nos mais perto de Deus Misericordioso e Compassivo. Vamos amar o nosso próximo como a nós mesmo; melhor dizendo: como o Senhor nos amou. Termino: À luz da Eucaristia que celebramos, o amor fraterno ganha mais sentido, pois quem se alimenta do mesmo Pão não pode desconhecer-se na vida; deve amar-se e abrir o seu amor também a todos os homens, mesmo aos inimigos. Assim será perfeito e santo.

PENSAMENTOS:

1) O mais grave preconceito é crer que amar é fácil. (Paul Chauchard).

2) Quem odeia é um assassino (Dostoievski).

3) Não podemos apertar as mãos se tivermos os punhos cerrados (Gandhi).



20 de fevereiro de 2011-02-15

Côn.Pe. Domingos G. das Eiras

( Pároco emérito de Itaboraí)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

6º Domingo do TC

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO A

Leituras Bíblicas: 1ª Leitura: Eclo 15,16-24;2ª Leitura: 1Cor 2,6-10; 3ª Leitura: Mt 5,20-22.27-28.33-34.37.

Neste Domingo, Jesus apresenta-se para todos nós como um novo Legislador, com uma Lei exigente, mas que dá felicidade. Apresenta-se também como Libertador, que nos cura de todos os males físicos, e nos desamarra das cadeias escravizantes do pecado.
Caríssimos irmãos e irmãs, o cristão não se pode contentar cumprindo só formalmente a lei. O próprio Jesus apela também para a perfeição dos nossos atos. A letra mata, o espírito liberta. Leia com muita atenção uma, duas e até mais vezes a primeira leitura desta Missa. Ela constitui uma solene afirmação da liberdade concedida por Deus ao homem, mas tem conseqüências sérias e muito diferentes. Por exemplo: A morte faz parte da natureza humana, mas é um tremendo castigo para o pecador que se opõe a Deus.
A segunda leitura é uma continuação do que São Paulo falou aos coríntios no Domingo passado. Quem vive na desunião, como viviam os corintianos, e no pecado, não conhece Deus nem O ama como Ele deve ser amado! Há cristãos assim: cumprem o exterior da Lei: por exemplo: Vão à Missa todos os Domingos, mas não comungam, não rezam, não perdoam, não se amam como irmãos! É triste dizer isto de muitos cristãos, mas é verdade!

Agora, meditemos com muita seriedade o que Jesus nos diz no Evangelho: Se a vossa justiça – o modo de viver – não for melhor que a justiça dos escribas e fariseus – o modo de viver deles, que dizem, mas não fazem, - não entrareis no Reino dos Céus. Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, não cometerás adultério, etc... Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher e desejar possuí-la, já cometeu adultério no seu coração!”Reparem, meus irmãos, que Jesus diz: Só olhar e desejar, sem praticar a ação, já cometeu adultério no seu coração! Que tal? Que vos parece desta doutrina do divino Mestre? É rigorosa de mais? É difícil de mais para os nossos dias?!

Você, meu irmão, pode pensar o que quiser, mas a Lei de Deus não muda..., não pode mudar! Deus é imutável. De duas, uma: Ou praticamos o que Jesus ensinou, ou não entraremos no Reino dos Céus! Sim, porque Jesus disse também: É mais fácil um camelo entrar pelo fundo de uma agulha, do que rico - (pecador) - entrar no Reino dos Céus.

Concluindo: Irmãos e irmãs, vamos deixar de entrar no buraco de uma agulha, mesmo que seja muito fácil, mas não deixemos de entrar, mesmo com muita dificuldade, no Reino dos Céus. Deus criou-nos livres, mas a liberdade tem um preço. A 1ª leitura da Missa apresenta essa problemática: Temos diante de nós o bem e o mal. Mas não é indiferente escolher um ou outro. Optando por Deus teremos a Vida com maiúscula; optando pelo Diabo, pelo egoísmo e materialidade, teremos a morte! A verdadeira liberdade é um dom de Deus. Não é livre aquele que “faz o que lhe apetece”, como o bêbado, o alcoólatra, o violento, mas o que faz o que deve como filho de Deus!

Que a Eucaristia que celebramos nos faça penetrar mais no espírito da nova Lei de Cristo, que Ele nos liberte e nos faça libertadores, enchendo-nos de verdadeira sabedoria.

PENSAMENTOS:

1 – Ninguém é mais escravo do que aquele que se crê livre sem o ser (Goethe).

2 – Como seríamos grandes, se fôssemos como Deus nos quer (K. Veuilot).

3 – Sê sábio! Deixa que a razão e não o instinto seja o teu guia.(K.Gibran).

13 de fevereiro de 2011

Côn.Pe.Domingos G.das Eiras

(Pároco emérito de Itaboraí)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

5º Domingo TC

V DOMINGO DO TEMPO COMUM


ANO A

Leituras Bíblicas: 1ª leitura: 58,7-10;2ª leitura: 1 Cor 2,1-5; 3ª leitura: Mt 5,13-16.

As duas pequenas parábolas ou metáforas do sal e da luz são o tema central de reflexão deste quinto Domingo do Tempo Comum do Ano A. Mas a mais importante é a comparação da luz que liga o Evangelho com a 1ª leitura: Luz das boas obras. Vamos refletir: “Vós sois o sal da terra: Vós sois a luz do mundo. Qual é a função específica do sal? O sal dá gosto à comida, preserva da corrupção..., e se perde esta força para nada mais serve. Na Bíblia constatamos ainda que o sal além da função de purificar e dar gosto (Job 6,6) é sinal de Aliança entre Deus e o seu povo (Num 18,19; 2 Cron 13,5; Lev 2,13. O próprio Jesus Cristo declarou os discípulos como sinal de Aliança de Deus com os homens.

No ritual antigo do batismo, o celebrante colocava um pouco de sal na boca do batizando para preservá-lo da corrupção do mal e fazer saborear as realidades celestes. Na realidade, porém, quantas vezes somos insípidos e até às vezes mais corrompidos ou corruptos que os outros. É bom meditar o que fomos e o que hoje somos sim, porque se o sal perde a sua força, como diz Jesus, como vai ele ser salgado? Só serve para ser lançado fora e pisado pelos homens.

A Metáfora da luz é ainda mais forte e com maior tradição bíblica. Jesus pede aos cristãos para serem luz do mundo. Qual é a função primordial da luz? É iluminar, ver a as coisas, aquecer, dar vida (sol), dar alegria!... (alegria de viver).

A Luz está presente desde a origem da criação, identifica-se com Deus e com Jesus: “Sol de justiça e luz do mundo. (Jo 8,12).

Voltemos ao exemplo do batismo. Depois do batismo a criança recebe a vela acesa, símbolo de Cristo ressuscitado, para que mantenha sempre acesa a chama da fé que recebeu no batismo e possa assim iluminar e irradiar sobre os outros homens.

Caríssimos irmãos e irmãs, que é que nós fazemos da luz da nossa fé? Jesus afirma que ela deve brilhar... e como luz é feita para estar em lugar visível e não para se esconder debaixo do alqueire. Que pena! A maioria dos cristãos de hoje andam de vela apagada ou bruxuleante... Mortiça! E é por isso que o nosso mundo anda às escuras!... Vemos com muita facilidade os defeitos dos outros e não vemos as trevas que somos cada um de nós!

Concluindo: Jesus afirma que o brilho da nossa luz deve ser as boas obras, a fim de que as vendo, os homens glorifiquem o Pai que está nos céus! E atenção: Só palavra e mesmo só orações e sacramentos não iluminam, se não são mecha ou óleo para acender boas obras. A primeira leitura esclarece-nos muito bem sobre isto e não deixa lugar para ilusões: reparte com os famintos o teu pão, não o primas, não digas palavras ofensivas. Então a tua luz despontará como a aurora, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite ficará como o meio dia.

Finalmente: o cristianismo não é essencialmente uma doutrina ou uma teoria, mas uma vida e uma Pessoa: - Jesus Cristo - e este crucificado, como diz S.Paulo na 2ª leitura. São necessárias técnicas novas na evangelização, não nego, mas a alma, o segredo de todo o apostolado laico ou eclesial é o zelo apostólico e missionário. Sem ele os melhores meios humanos não surtem efeitos eficazes.

PENSAMENTO: Palavras sem obras são tiros sem balas... atroam, mas não matam. (P.Antônio Vieira).

O6 de fevereiro de 2011. Côn.Pe. Domingos G.das Eiras
(Pároco emérito de Itaboraí)



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